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UM DIA COM JERUSA
Fotografia de uma cena do filme Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira. SP, 2020, FICÇÃO, 74 min. Uma senhora negra, idosa, sentada à mesa, de blusa branca. Ela usa o cabelo trançado em coque e um brinco pérola. Em cada uma das mãos, segura forminhas de papel, de doces, azul, enquanto olha concentrada apenas para as da mão à direita. Em frente a ela, há um bolo decorado com duas velas de número 7, douradas e outros objetos desfocados. No fundo, há uma parede de azulejos com desenhos azul escuro e parte de um armário.
Direção:
Viviane Ferreira
SP, 2020, FICÇÃO, 74 min., Cor, Digital DCP
Classificação indicativa:
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Sinopse:

Silvia enfrenta as agruras do subemprego. Ao mesmo tempo, Jerusa é testemunha do cotidiano vivido no bairro do Bixiga. O encontro entre suas memórias lhes proporciona transitar por realidades comuns às suas ancestralidades.

Trecho crítico:
“A diretora Viviane Ferreira demonstra empatia sincera pelas duas mulheres e por suas trajetórias específicas: uma senhora abandonada pela família e uma jovem homossexual lutando para sobreviver em meio adverso. A casa, espaço fechado onde aprendem a se conhecer, se transforma numa bolha cortada do resto do mundo, um espaço de proteção. O filme oferece às duas um parêntese da vida cotidiana, ou seja, um local onde a idosa possa enfim ter companhia, e a jovem possa finalmente encontrar um modelo à altura de suas aspirações. Por isso, é importante que a câmera filme a nudez da personagem sem qualquer fetichização, e que tenha a coragem de fechar o enquadramento numa calcinha coberta de sangue menstrual. O pressuposto da mulher reservada à vida doméstica – Sílvia bate de porta em porta fazendo pesquisa com mulheres sobre seu sabão de pó preferido – é contestada pela minúscula revolução interna em cada uma delas, dividida apenas com o espectador, em chave intimista.

Além disso, Um Dia com Jerusa transforma Léa Garcia, grande atriz brasileira, numa diretora em potencial: sua personagem, originária de uma família de fotógrafos, caminha pelas ruas com a câmera em punho, pronta a filmar abusos policiais e a sabedoria que vem da boca dos loucos. Garcia se converte simbolicamente em alter-ego de Viviane Ferreira enquanto assume o protagonismo do discurso: dali em diante, é o ponto de vista dela que veremos. O filme, portanto, não é construído sobre Jerusa, tendo-a como tema, e sim com ela.” (Bruno Carmelo, site Papo de Cinema)

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