Sinopse:Uma busca pela memória fotográfica das famílias negras, utilizando-se de uma linguagem poética e assumindo uma postura crítica e afirmativa diante de sua ausência e da estigmatização na representação do negro.
Trecho crítico:
“A diretora se motivou a realizá-lo ao perceber a escassez de fotografias antigas de negros no Brasil, principalmente após tentar, sem sucesso, encontrar fotos de usa bisavó e avó maternas. Para ilustrar a fragmentação e o apagamento da memória da população negra, o filme se inicia mostrando partes de uma foto enquanto o poema ‘Vozes-Mulheres’ de Conceição Evaristo começa a ser declamado ao fundo. A imagem, que inicialmente parecia ser sobre a mulher negra ali retratada, revela ter como assunto central a criança branca em seu colo, o que fica ainda mais claro na legenda da fotografia, “Tarcisinho e sua babá”, na qual nem consta o nome da mulher. Uma forma inteligente de contextualizar o espectador e provocar nele a empatia necessária para entender o peso da história sendo contada.
Essa empatia é aprofundada quando em seguida entendemos, por meio de um depoimento, a raridade com que famílias negras tinham a oportunidade de se fotografarem, à medida em que era algo comum para as brancas devido à disparidade financeira entre elas. Enquanto a mulher conta, no relato, que a única foto que tem de certos parentes é de um casamento que ocorreu há cerca de 50 anos, uma ocasião excepcional na qual a família se juntou para fazer um álbum, somos apresentados ao que pode ser algumas dessas fotos, pelas mãos de uma jovem.” (Fábio Luis Almeida Garcez de Carvalho, Centro de Crítica da Mídia)