TEMPO REI
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Direção:
Lula Buarque de Holanda, Andrucha Waddington, Breno Silveira
RJ, 1996, DOCUMENTÁRIO, 107 min., Cor, H264
Classificação indicativa:
LIVRE
Sinopse:

Sinopse: Tempo e espaço navegando todos os sentidos. O primeiro registro audiovisual da vasta obra de Gilberto Gil, em comemoração aos seus 30 anos de carreira, celebrados em 1996. Gil retorna à sua cidade natal, Ituaçu (BA), à qual não voltava desde 1951. Acompanhado de amigos e familiares, conta histórias íntimas e mergulha fundo em sua trajetória artística.

Crítica: No belo documentário chamado "Tempo Rei" de 1996, ele (Gilberto Passos Gil Moreira) conta um pouco sobre as diversas paisagens e cenários onde cresceu e por onde passou. Seja Londres, a capital britânica ou Ituaçu no interior da Bahia; ambas gigantescas culturalmente, e muito presentes em sua obra.

Das lembranças em Ituaçu, onde o pai médico firmou carreira, encara lembranças da banda da cidade e da casa de onde passou seus primeiros anos – inclusive encontrando uma senhorinha que o viu efetivamente bebê. Uma complexa e rica simplicidade das pessoas que o veem passar pela rua enquanto dirigia uma caminhonete – a terra, a religiosidade, o vento no rosto. Dá até pra entender o que de fato serve de inspiração para as lindas letras dele. É um recorte em vídeo perfeito de Louvação, seu álbum de estreia em 1967.

Gil senta com o etnólogo e fotógrafo Pierre Verger, com o escritor Jorge Amado e com Mãe Stella de Oxóssi sobre o sincretismo religioso na Bahia, a fase onde se dedica de fato ao candomblé e até a relação de fé cotidiana do brasileiro, ora cristã, ora de matriz africana – tão presente que nem percebemos mais. Além de obviamente, a musicalidade marinada nesse caldo, a identidade que nos abraça enquanto parte disso tudo.

Ao lado de Caetano à beira mar, em uma declaração de amor ao solo baiano cantando Cores Vivas. Seu primeiro encontro no camarim do Stevie Wonder, uma brincadeira com teclado e violão foi sem dúvidas um dos momentos mais lindos do registro.

Uma obra em primeira pessoa. De quem foi entender o que aconteceria com a música, arte e identidade afro-brasileira, fazendo o caminho inverso de suas pisadas, desde o interior da Bahia até as grandes capitais mundiais por onde levou sua obra. Engraçado pensar nisso. A música faz exatamente esse caminho, permanecendo baseadas nos elementos africanos, indígenas e sertão nordestino de 1996 pra cá. Independente da influência externa que soframos nas músicas tocadas ou nos hits de verão, a base é a mesma, a escola é a mesma. O funk do Rio de Janeiro e São Paulo, o tecnobrega, o pop com influência sertaneja. Já parou pra pensar? Com outras roupagens, não deixamos de ser os mesmos. Hoje tanta gente talentosa assumindo esse legado, tantas Luedjis, Fabríccios, Xênias e Tássias ainda estarão por vir, comprometidos em fazer o caminho inverso pra se saber qual direção tomar!

Tantos professores dignos de reverência e que constantemente devemos agradecer – e Gilberto Gil, um dos mais queridos. Por direção de Andrucha Waddington pela Conspiração Filmes, diremos a você que nada melhor que se presentear com quase duas horas olhando pra dentro. Se encontrando em meio a todos esses cenários, mesmo não sendo de lá. Esperamos suas impressões!! (Fabio Lafa, Nyack, Juliano BigBoss, site UOL)

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