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ROSA TIRANA
Fotografia de uma cena do filme Rosa Tirana, de Rogério Sagui Num dia de sol e céu azul claro com nuvens brancas, à frente de uma vegetação extremamente seca, um pouco reclinada para a direita, uma menina, de uns 9 anos. Ela é parda, tem os cabelos presos com uma flor vermelha, num rabo de cavalo próximo ao ombro direito. Tem o olhar sério, distante, voltados para a direita e com as sobrancelhas contraídas. Usa um vestidinho de chita, de detalhes rosa e um cinto largo bege. Segura a bolsa a tiracolo rosa, que tem uma boneca de pano pendurada.
Direção:
Rogério Sagui
BA, 2020, FICÇÃO, 72 min, Cor, DCP/H264
Classificação indicativa:
LIVRE
Sinopse:

Sinopse: Em uma terra banhada de sol, durante a maior seca que o sertão nordestino já viveu, A menina Rosa mergulha em uma longa travessia pela caatinga árida e fantasiosa, em busca de um encontro com nossa senhora Imaculado, a rainha do sertão.

Crítica: "A seca e a fome são elementos que marcaram presença na história do cinema por diversas vezes, e o diretor e roteirista Rogério Sagui corria o risco de cansar o público com uma narrativa repetitiva e já muito explorada. Porém, Rosa Tirana dribla o clichê entregando uma visão doce e otimista do sertão.

O longa abre e encerra com uma animação que remete à literatura de cordel, preparando o terreno para que a trama fabule uma aventura infantil com toda a liberdade lírica que merece. Apesar dos poucos diálogos, há muito espaço para a performance. José Dumont, em uma das sequências iniciais, dita o tom poético de Rosa Tirana em seus monólogos, evocando teatralidade ao permitir que a obra pare para que se ouça o texto representado.

Embora caminhe pelo fantástico exaltando a fé, a trama não deixa de sutilmente referenciar a luta de classes, vilanizando um coronel numa cena muito bem construída na qual ocorre uma ameaça de abuso. O contraste vem na comparação da oferta de perigo por intermédio de alguém abastado com a partilha do pouco que se tem pelas mãos de uma humilde família de retirantes.

A fábula segue com a interação de personagens fantásticos. Do folclore da seca, surgem as criaturas de barro e o profeta da chuva. As festas nordestinas, com suas cores e danças, marcam a espiritualidade e salvação. Há um pequeno problema no ritmo, uma cauda de uma cena a outra que estica os vazios em excesso. Contudo, é algo que se paga com um final catártico onde a poesia extrapola o limite do belo através de uma potente construção imagética do milagre.

Rosa Tirana subverte a estética da fome que culmina em violência ao trazer uma mensagem de fé e esperança, na qual a condutora é a inocência infantil. E o faz com uma simplicidade capaz de atingir todo tipo de público. Ao exaltar suas raízes mostrando os problemas, mas também suas belezas e riquezas, Sagui mostra um caminho que se apoia na união e hombridade, na nobreza e cultura de um povo que embora não tenha nada, tem tudo." (Tayana Teister, site Cinema com Rapadura)

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