Sinopse: Brasil. 2020. Depois da morte do pai, uma família vive com a energia cortada. Enquanto a mãe trabalha, seus filhos ficam em casa fabulando sobre uma tela em branco na qual não há tanta esperança.
Crítica: “4 Bilhões de Infinitos, um milhão de infinitos e infinito vezes infinito são contas comuns na língua das crianças. O novo filme de Marco Antônio Pereira capta a representação básica de esperança e mergulha no universo infantil. Ainda seguindo os padrões de seu cinema caipira com toques fantásticos, que estão ali no começo do filme ou nas sequências oníricas, encontra e apresenta ao público Adalberto, um menino que passa os dias cuidando da irmã menor e sonhando com dias melhores.
Em uma casa sem energia elétrica, o pequeno é aficionado por luz. Sonha com ela, a vê pelo campo, e quer ser cinema. Essa relação de luz e cinema permeia todo o filme e o dia a dia de Adalberto, que inventa sua própria maneira de criar energia com as baterias que a mãe tem em casa e vários cataventos, sofre com o fato de não conseguir, ele burla e sonha. O diretor e também roteirista conta sua história dando tempo e espaço ao protagonista. É um filme que admira seus personagens – o cinema de Pereira está muito nesse lugar do olhar – e favorece a criação do vínculo.
Ainda que dê alguns passos vacilantes, principalmente no início do filme, o contraste entre a falta de crença nos olhos de Adalberto e os posicionamentos da irmã caçula, Ana Júlia, funcionam bem. Eles passam horas conversando sobre tudo. Ele conta suas tentativas de fazer a luz, lamenta não ter dinheiro para comprar o presente de aniversário, ajuda nas lições e divide os maus feitos na escola. Se as primeiras interações são duras e estranhas, isso muda à medida que o filme avança e a intimidade entre os dois irmãos na vida real domina a interação." (Cecília Barroso, site Cenas de Cinema)