Sinopse:Jovens se reúnem para uma festa antes de entrarem em lockdown por causa da covid-19. Eles conversam sobre música, artes, trabalho e o futuro incerto, sem saberem quando poderão se encontrar novamente.
Crítica: Menos frenético, mas igualmente forte, é O Último Rock, de Diego de Jesus. No filme, um grupo de adolescentes da periferia discute o perigo que se anuncia no horizonte: a chegada de uma tal pandemia que vai provavelmente exigir o isolamento social. A experiência de reviver a ansiedade pré-Covid-19 soa estranha, por nos situarmos em momento posterior. Além disso, relembra um passado recente e traumático, que não foi esquecido. Entretanto, serve a se associar a outros dilemas da juventude negra: as dificuldades no mercado de trabalho, os preconceitos na universidade, os dilemas em relacionamentos amorosos.
As conversas misturam o naturalismo com falas mais posadas, enquanto a estética assume uma postura semelhante: para cada plano com os amigos dançando e tomando cerveja, há agressivos zoom-ins no rosto dos protagonistas, decupando a sequência e criando quadros-dentro-do-quadro. O filme navega pela fronteira instigante entre a ficção político-social e a experiência que pretende nos lembrar, o tempo inteiro, de sua artificialidade. O encerramento com o slam e uma canção remixada de Nina Simone conferem ao resultado uma atmosfera inebriante e melancólica. (Bruno Carmelo, site Meio Amargo)