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NA TERRA DO SOL
Fotografia do filme Na terra do sol, de Lula Oliveira, BA, 2005, FICÇÃO, 12 min. Dois homens nos escombros da igrejinha de Canudos. Um deles está recostado na parede, sem reboco e com um buraco à esquerda. É um senhor, branco, calvo e com cabelos na altura dos ombros, barba e bigode grisalhos, está com os olhos fechados. Usa uma túnica bege e uma calça cinza, ambos esfarrapados e uma sandália. Ele segura uma cruz, feita de galhos. À direita, sentado num monte de terra, um jovem negro, de cabelos black, pretos, usa uma bermuda jeans rasgada. Está com os braços apoiados sobre os joelhos e olha misericordioso para o senhor.
Direção:
Lula Oliveira
BA, 2005, FICÇÃO, 12 min., Cor, H264
Classificação indicativa:
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Sinopse:

Sinopse: Sertão de Canudos (BA), 05 de outubro de 1897. Os quatro últimos sobreviventes do povoado estão entrincheirados pelo exército da República, defendendo a igrejinha construída pelo messias Antônio Conselheiro. Eles hesitam entre morrer de sede ou tentar furar a barreira para pegar água. Inspirado em “Os Sertões” de Euclides da Cunha.

Crítica:

"Na Terra do Sol" estabelece uma conexão direta com os eventos narrados em Os Sertões, livro de Euclides da Cunha, ao retratar os últimos momentos da Guerra de Canudos. O diretor opta por focar o drama nos sobreviventes da guerra, durante a decisão de morrer de sede ou arriscarem a vida para conseguir água. A tentativa é de atingir a dimensão humana do conflito, que é tratada com profundidade na obra de Cunha e a qual Lula tenta emular. O curta não só reconstitui o evento histórico, mas tenta refletir o dilema existencial dos envolvidos, ao menos no recorte possível, na resistência e sacrifício da população de Canudos. A relação do filme com o texto de Euclides da Cunha vai além da mera recriação dos fatos históricos e explora o sertão como personagem e como espaço de sobrevivência e morte, alinhando-se à visão literária de Cunha e sua descrição da paisagem do sertão como determinantes ao destino dos habitantes de Canudos. A aridez de uma natureza implacável que, assim como as forças inimigas, oprime os personagens, mostra o cenário como espaço inóspito e hostil, no que fortalece a ideia de que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte", ainda que vitimizado pelas circunstâncias históricas. O baiano Lula Oliveira, com seu minimalismo, permite que a atmosfera e a tensão sejam presenças fortes em cena, e os desdobramentos narrativos revisitam e reinterpretam eventos sob uma ótica crítica ao questionar narrativas oficiais. Resistência, violência e sobrevivência no Brasil de antes se tornam temas fortes que refletem na produção atual. (Marcelo Miranda)

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