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A VIAGEM DE PEDRO
Fotografia de uma cena do filme A viagem de Pedro, de Laís Bodanzky, BR’PT, 2022, Ficção, 104 min. Pedro, visto do quadril para cima, de leve perfil esquerdo, ao centro, de pele clara, cabelos curtos enrolados, com barba castanho escura, nariz afilado com olhar erguido. Usa camisa branca de manga longa e gola alta com um laço no pescoço, sob paletó de botões, aveludado, em marrom escuro, comprido abaixo da cintura e calça marrom clara. Mão à esquerda levemente suspensa à frente. Ao lado desta, um homem negro retinto, de perfil direito, cabelos pretos crespos curtos repartidos lateralmente, usa paletó azul escuro com detalhes dourados no início da manga, no colarinho e na parte frontal dos botões e calça preta. Junto a ele, mais um homem negro retinto, cabelos crespos pretos curtos, camisa branca com laço saliente no pescoço e paletó cinza claro. Do lado oposto, outros dois homens brancos, à sombra, seguram pranchetas, o primeiro de cabelos lisos curtos, camisa cinza escura e paletó marrom e o segundo de chapéu preto, barba grisalha, colete cinza de botões, sobre camisa clara de mangas compridas, com gola alta e laço no pescoço.
Direção:
Laís Bodanzky
BR’PT, 2022, FICÇÃO, 104 min., Cor, DCP/H264
Classificação indicativa:
LIVRE
Sinopse:

Sinopse: 1831, Pedro, o ex imperador do Brasil, busca forças físicas e emocionais para enfrentar seu irmão que usurpou seu reino em Portugal. O filme se passa no Oceano Atlântico, a bordo de uma fragata inglesa na qual se misturam membros da corte, oficiais, serviçais e escravizados, numa babel de línguas e de posições sociais. Pedro se vê doente e inseguro. Entra na embarcação em busca de um lugar e uma pátria. Em busca de si mesmo.

Crítica: “Filmando desde os anos 1990, Laís Bodanzky tem feito filmes sobre o Brasil. Dos que Laís dirigiu, produziu e escreveu, este é provavelmente seu filme com mais perigos porque, apesar de posta a liberdade de fabulação sobre essa personalidade, são muitas as armadilhas quase inevitáveis de tomar na busca por esse “retrato histórico”. Felizmente, a trama nunca se torna um emaranhado de burocracias formais ou daqueles diálogos políticos que se esvaziam no momento em que são recitados em poses falsas do nosso imaginário de quem eram aquelas pessoas e como elas se portavam.

A Viagem de Pedro está, portanto, distante das narrativas Globo (apesar de coproduzido por ela) que tratam o Brasil histórico dentro dos moldes romantizados nos livros do começo do ensino fundamental – cenário que pudemos assistir este ano no folhetim Nos Tempos do Imperador (2021). Nesses termos, seu filme está curiosamente mais próximo da “sujeira” que Marcelo Gomes e Carla Camurati fizeram, respectivamente, com Tiradentes e Carlota Joaquina nas revoltas coletivas ou míopes de um país enguiçado.

A diferença dessas obras tão distintas citadas acima é que Laís nunca permite ao seu filme uma dosagem de humor, seja ele de qual espectro for, deixando que o próprio vazio daquela figura máscula se perca na obsessão. Cauã Reymond embarca nessa representação, longe da estátua, sem o compromisso de tornar seu personagem apaziguado ou rebelde, apesar de estar inevitavelmente ao centro da discussão, tão irritado e perdido que a empatia nunca se torna uma opção.

Isso não significa, porém, que o filme seja assim tão complexo na construção desse personagem e de sua realidade. Pelo contrário, é até modesto diante dos poucos elementos que dispõe para desenvolver sua angústia como algo relevante. Dá uma sensação, porém, de que esse caminho faz mais sentido do que as abordagens meramente "históricas" que se propõem a traduzir os acontecimentos em ordem consequencial. Corajosamente, a proposta deste filme está mais próxima da indiferença.” (Arthur Gadelha, site Ensaio Crítico)

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