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A MORTE BRANCA DO FEITICEIRO NEGRO
Fotografia de uma cena do filme A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro. SC, 2020, DOCUMENTÁRIO, 10 min. Em preto e branco, vista do alto, uma área cultivada. Lá embaixo, cerca de quinze pessoas escravizadas em meio à lavoura. Mulheres e homens negros retintos, em suas vestes brancas, trabalham em um terreno em aclive. Alguns carregam cestos nas costas ou na cabeça. No topo, à direita, uma choupana.
Direção:
Rodrigo Ribeiro
SC, 2020, DOCUMENTÁRIO, 10 min., Cor/P&B, Digital DCP
Classificação indicativa:
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS
Sinopse:

Memórias do passado escravista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um poético ensaio visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em diáspora, numa jornada íntima e sensorial.

Trecho crítico:
“Os arquivos da escravidão são fundados pela violência. São, em grande parte, relatórios contábeis, inventários de propriedade, sentenças de morte ou descrições de torturas, que assumem a forma de narrativas cotidianas daquele contexto. Documentos cujas violências representam e reproduzem. E, a partir deles, concebemos e conhecemos as histórias que escrevem a História. Por isso, é preciso tensionar os métodos e as limitações dos registros oficiais, sobretudo para desestabilizar a sobredeterminação do olhar branco. Então, como agenciar esse material em direção a outro modo de conhecer e escrever a história dos sujeitos escravizados? Ou como usar arquivos sem perpetrar mais violência no ato mesmo da narração?

A Morte Branca do Feiticeiro Negro, nesse sentido, nos aponta pistas para caminhos possíveis. Durante dez minutos, somos guiados na leitura da carta de suicídio de Timóteo, negro escravizado e falecido em 1861. As imagens anácronas e a sonoplastia constróem a áurea daquele universo: uma nostalgia mortal chamada banzo. A carta, por sua vez, é inseparável do jogo de desumanização responsável pelo desejo do suicídio. Entretanto, ao explorar as fissuras do arquivo histórico, Rodrigo parece descentralizar a narrativa dos mecanismos que baniram Timóteo da vida, e investigar os fragmentos desse sujeito nas suas palavras.”

(Paulo Pontes, revista Fricções)

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