Joana, uma adolescente de 14 anos, aparece para passar uma semana com o pai, Renato, um humorista que apresenta seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza interpretando a personagem Silvanelly.
Texto crítico:
“Desde que o mundo é mundo, os seres vivos riem e choram. Os gregos conceituaram a tragédia e a comédia, justamente para distinguir os dois polos de atuação no teatro – e na vida. Da comédia, a clássica figura do palhaço é recorrente e permanece ao longo da história, participando dos grandes impérios do mundo como modo de entretenimento, inclusive, em momentos de tensão. A função do palhaço é fazer rir, mas quase ninguém se pergunta sobre os sentimentos por trás da máscara do palhaço: quem é aquela pessoa? Tem família? Está bem? Sofre? Passa dificuldades? Faz isso porque quer? Nos últimos tempos tem havido um olhar mais empático com relação a essa figura clássica, questionando justamente esses temas. Nessa pegada, chega aos cinemas o longa A Filha do Palhaço.
Dois temas super importantes direcionam o caminhar de A Filha do Palhaço: a ausência paterna (que acontece com cerca de 5% da população brasileira) e a não-convencionalidade dessa família, uma vez que a história trata de uma mãe separada com uma filha adolescente e um pai ausente, que é, na verdade, drag queen. Dois temas atuais, relevantes e tratados com muita sensibilidade não só pelo roteiro quanto pelos atores que encarnam esses personagens. O diretor Pedro Diogenes faz uma imersão no mundo ordinário de Fortaleza, de bares, festinhas, lojas de varejo e pessoas comuns traçando uma crônica cotidiana de um recorte social pouco conhecido fora do eixo Rio-SP: o das noites cearenses, comumente preenchidas pelo humor de personas e personagens como Silvanelly, mesmo numa sociedade que odeia pessoas como ela. O termo palhaço, aqui, é metáfora para a crítica e para essa população do ódio, que gosta de rir de drag queens mas não as admite como pessoas.” (Janda Montenegro, site Cinepop)